Nós trabalhadores nos acostumamos, e com justa razão, a lutar pela conquista de direitos, incluindo nesse rol a inflação integral, mais aumento real, como forma de recompor o poder de compra dos salários. Entretanto, ao se analisar o atual quadro conjuntural brasileiro nota-se um agravamento em se tratando de conquistas sociais e trabalhistas que nos últimos anos seguiam em linha ascendente. Balanço realizado no início deste ano pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) sobre resultados das negociações salariais mostrou que “O reajuste médio dos salários perdeu para a inflação em 2016, após 12 anos de ganhos reais para o trabalhador. (…) em média, os reajustes perderam para a inflação em 0,52% em 2016”.
Segundo o DIEESE, “A última vez em que o trabalhador teve perda real (ou seja, correção salarial abaixo da inflação) foi em 2003, quando os trabalhadores tiveram perdas de 2,08%”.
Os dados apresentados pelo DIEESE mostram que “apenas 19% dos reajustes analisados resultaram em ganhos reais aos salários, segundo comparação com a variação dos preços medida pelo INPC-IBGE. Cerca de 44% dos reajustes tiveram valor igual à variação do índice de inflação e os demais 37%ficaram abaixo”. Esse quadro não pode continuar. Precisamos urgentemente virar esse jogo a favor dos que trabalham.
Cabe aqui ressaltar que, não obstante a existência de crise, nem toda a economia anda capenga. Sabe-se que o setor automotivo, assim como outros, vinculados à agroindústria, tem efetuado contratações e a sua produção está aquecida. Até por conta das exportações que, segundo dados da Organização Mundial do Comércio (OMC), no primeiro semestre deste ano registrou aumento de 19,34% no valor dos embarques nacionais para o exterior, comparado ao mesmo período de 2016. Ademais, quando o assunto é defender o governo e sua política, empresários, políticos governistas e mídia afirmam em alto e bom som que a recessão econômica acabou, a crise ficou para trás. Todavia, o mesmo não vale – muda-se radicalmente o discurso – quando chega o momento de se negociar salário e outros direitos.
Diante disso, nós metalúrgicos do Estado de São Paulo, ligados à central Força Sindical, com data-base em novembro, temos como estratégia definida promover uma ação firme voltada para recuperar o poder de compra dos salários, a renovação dos acordos e convenções coletivas de trabalho e contra o pacote de reformas que o governo vem promovendo que visa retirar direitos.
O fato de governo e patrões terem jogado peso pela aprovação da reforma trabalhista e da terceirização irrestrita, não significa que essa luta se encerrou. Agora mais do que nunca é preciso dar o bom combate para impedir que essas medidas se consolidem.
Por isso, é importante que os trabalhadores e trabalhadoras se mobilizem com vistas a fortalecer os sindicatos que têm como proposito defender os nossos direitos. Ignorar a ação sindical não nos levará a lugar algum. Gostemos ou não, o sindicato é o instrumento primordial na defesa dos direitos.
Ninguém em sã consciência pode acreditar que sozinho tem condições de discutir e (ou) negociar com os patrões e ser bem-sucedido. Sem o sindicato o trabalhador se torna fragilizado e fácil de ser derrotado.
Por isso, a hora é de união e de mobilização em defesa do emprego, dos salários e dos direitos. Cabe aqui repetir: o ferramental, o instrumental de luta, para tanto, é o sindicato!
Aparecido Inácio da Silva – Cidão do Sindicato
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul
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